Duas mulheres. Dois países. Duas histórias.


 O último mês foi de leituras e rotinas e não de escrita. Pensei em textos sobre "o livro do mês", "o não livro do mês", o aniversário da minha mãe e o dia das mães. A vontade de não fazer nada no domingo (dia que eu me dedico a esse blog) venceu qualquer criatividade, inspiração, lembrança ou sentimentalismo.

Veio o mês de maio e com ele uma desorganização absurda nas leituras dos clubes do livro. Livros que eu não tenho e que não tive como retirar na biblioteca. Mas não foi por falta de tempo nem por esquecimento, foi porque eu tinha dois livros em casa que eu queria ler mais do que tudo.

Primeiro foi o livro "Solitária", da Eliana Alves Cruz, lançado nesse mês mesmo. Para alguém desavisado, poderia ser considerado um livro diferente dos outros da escritora, uma vez que esse último se passa no tempo presente. Para os olhos e mentes mais atentos, "Solitária" retrata, mais uma vez, a história do Brasil, a história dos negros e negras escravizados no nosso país. A solitária não precisa ser apenas uma cela na prisão, pode também ser uma senzala, um quartinho em um cortiço, uma meia água em uma favela ou o quarto de empregada em uma cobertura.

Segundo foi o livro "Violeta", da Isabel Allende, lançado em janeiro desse ano. Do outro lado da escala social, as personagens de Allende são a família dona da cobertura, com as aparências, tradições e hipocrisias necessárias para a sociedade chilena (apenas a chilena?). Aqui temos mais pontos de vista sobre a ditadura no Chile, seus perseguidos e perseguidas, as torturas e as feridas ainda abertas.

Eliana e Isabel. Brasil e Chile. Escravatura e ditadura. Cada livro lido, uma aprendizagem, uma cobrança, uma revolta, um mea culpa. Em cada livro percebemos que tanto aqui quanto lá as histórias se repetem. Com a obra dessas duas mulheres incríveis fica cada vez mais clara a ideia de que quem não sabe história acaba por repetir ou permitir que se repita as piores coisas que o ser humano foi e ainda é capaz de fazer.

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