"Quanto a mim serei poesia até o fim"


 A cadeira de Teoria Literária me ensinou a analisar um poema. Foi uma das coisas mais sensacionais que aprendi na faculdade. A metrificação, o esquema de rimas, o encadeamento dos versos, o uso das classes gramaticais, as sinestesias, as metáforas e as hipérboles (não poderiam faltar). Infelizmente, acho que tudo isso contribuiu para que eu olhasse para os poemas com olhos menos sonhadores e, assim, virei uma péssima leitora de poesia.

Nos últimos anos tenho me esforçado para ler mais poemas, mas fiquei no conforto do Drummond e do Bandeira. Dei uma de corajosa e encarei a obra completa da Maya Angelou, driblei a Rupi Kaur e me joguei nos braços da Ryane Leão e seu "Tudo nela brilha e queima". Seus "poemas de luta e amor" e as seis ilustrações da Laura Athayde capturaram meus olhos e meu coração por 24h, nas quais eu só pude ler, mais nada.

Poemas de amor, de abuso, de força, de ancestralidade me fizeram retomar emoções, memórias e histórias que estavam em algum lugar, precisando ser revisitadas. Existem coisas que, por mais desconfortáveis que sejam, não devem ser esquecidas: as mulheres que nos construíram; a felicidade que sentimos agora sem nos preocupar com ela no depois; as relações que não aceitaremos mais em nossas vidas; e as certezas que trazemos no coração e a dureza da vida tenta nos tirar.

Ryane Leão diz que "a literatura também é uma arma/ a mais carregada /a mais poderosa" e com o poder de sua escrita, me reencantei pela mulher que sou e por todas que me cercam e me cercaram.

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