"A biblioteca de Paris" - Janet Skeslien Charles

 

O livro conta a história de duas vizinhas nos EUA. Odile, uma senhora francesa que vive solitária e Lily, uma adolescente passando pela perda da mãe e todas as mudanças que isso e a adolescência trazem. O enredo intercala entre 1939 em que Odile enfrentou as dificuldades da Paris invadida pelos nazistas durante a 2° Guerra Mundial e 1983 em que ela constrói uma amizade com Lily, ajudando-a a compreender seus desafios. 

Baseado em uma história real, temos contato com alguns personagens que representam pessoas que  tiveram uma grande importância para os leitores da Biblioteca Americana em Paris. Apesar de muitos funcionários serem estrangeiros e correrem risco de morte por serem considerados inimigos dos alemães, a biblioteca nunca fechou suas portas. Eles organizaram envios de livros para os soldados franceses. Quando os associados judeus foram expulsos de suas casas e proibidos a frequentar a biblioteca, foi lá que eles foram acolhidos e protegidos.

O livro é, de fato, muito bom e envolvente, mas o que gostaria de destacar é um ponto histórico que muito me impressiona e causa curiosidade: as mulheres tosquiadas. Entre 1943 e 1946 houve na França um movimento chamado "Épuration légale" (purgas legais).

As mulheres francesas (geralmente prostitutas e jovens mães, cujos maridos morreram na guerra) tinham seus cabelos raspados, eram obrigadas a desfilar nas ruas e eram até linchadas publicamente por serem acusadas de "colaboração horizontal". Elas eram despidas e marcadas com a suástica com tinta ou ferro quente e poderiam ficar na prisão de seis meses a um ano. Estima-se que 20 mil mulheres passaram por isso.

Esse tópico aparece de maneira muito rápida, mas é algo que me deixa muito pensativa. Quem foram essas pessoas tão cheias de qualidade e de caráter inabalável que se acharam no direito de condenar mulheres que para não verem seus filhos morrerem de fome se relacionaram com os alemães? Quem são essas pessoas que se acharam no direito de condenar mulheres que por serem prostitutas não escolhiam a nacionalidade de seus clientes? Quem são essas pessoas que se acharam no direito de condenar mulheres que por se sentirem abandonadas, solitárias, carentes, tristes, desesperadas se apaixonaram por soldados nazistas?

Quero estudar mais sobre isso, porque não sei responder essas perguntas nem entender muito bem. Mas, caso vocês tenham ficado tão curiosas quanto eu, deixo aqui mais duas indicações: o filme "Suíte francesa" e o livro "A biblioteca mágica de Paris".




Comentários