A leitura foi corrida. Um ritmo de narrativa que não dá pausa para lanche, instagram nem xixizinho. Li com pressa, insaciável por respostas, pois a cada parágrafo lido uma nova pergunta era formulada na minha cabeça.
Antes de abrir o livro já é possível saber o essencial e mais louco: "Quarenta mulheres são presas em uma jaula coletiva em um porão, sob a vigilância de guardas que permanecem sempre em silêncio. Um dia, misteriosamente, uma sirene soa, os guardas fogem e as grades se abrem. Entre as prisioneiras, está uma menina sem nome que só conhece a vida lá fora através de lembranças que as outras mulheres aceitam compartilhar. É ela que conduz as demais prisioneiras em fuga, apenas para encontrarem um lugar inóspito e desconhecido". É isso que está escrito atrás do livro e foi isso que me fez compra-lo. Oba! Mais uma distopia.
Na tentativa de encontrar as respostas que eu estava procurando, tentei desvendar as possíveis simbologias. Quarenta mulheres, uma virgem, símbolo do feminismo, três guardas andando em círculos, costuras, cabelos, planícies... Não cheguei em lugar nenhum. Mas continuei andando junto com elas.
Enquanto as personagens encontravam novos porões, eu encontrava novas perguntas. Enquanto a menina crescia, amadurecia, tornava-se líder e solitária, eu colecionava questionamentos caminhando para cada vez mais longe das soluções. Quando chegamos na página 188, a última da nossa jornada, a menina (não mais tão menina assim) refletiu sobre seu útero. Eu (não mais tão sedenta por respostas assim) percebi que tudo estava fora do livro.
Jacqueline Harpman nos trouxe "apenas" a metáfora da vida e sabemos que, quando chegarmos na nossa última página, também não teremos todas as respostas para as perguntas que colecionamos em nossa jornada.
Comentários
Já leu "Eu Sou O Mensageiro"? É de Markus Zusak, o mesmo autor do livro "A menina que roubava livros".
É bem interessante e tem essa de não "conseguir" fazer pausa na leitura heheh
Abraço!