Por onde começar?
O Romantismo, que talvez tenha sido uma das escolas literárias mais fúteis, tem obras preocupadas com a sua sociedade. Os poetas nacionalistas, de um jeito bem questionável, tentaram construir uma identidade nacional, exaltando o país através de seus poemas. Castro Alves, poeta da 3° Geração Condoreira, percebeu que tinha um arma para lutar contra a escravidão: seus poemas. Em suas palavras, "a praça é do povo" e era em praça pública que ele lia seus poemas a favor da abolição da escravatura.
Provavelmente, esse seja o exemplo mais fácil de se dar. Temos tantas outras pessoas que usaram e usam suas escritas para fortalecer uma luta, expressar seus pontos de vista, defender uma causa. Já tivemos Maria Firmina dos Reis, escritora e educadora negra, que publicou seu romance "Úrsula" em 1859. Já tivemos Machado de Assis PONTO. Já tivemos Carolina Maria de Jesus que apresentou a fome e catadores de lixo para uma sociedade que finge que eles são invisíveis. Temos Aílton Krenak, líder indígena e ambientalista, que tenta abrir nossos olhos para o fim do mundo que nós mesmos construímos. Temos Amara Moira, transexual, escritora e professora, que se expondo, expõe aquelas que são fáceis de marginalizar e exterminar por preconceito e desconhecimento. Temos Dona Conceição Evaristo PONTO.
A "arte pela arte" falhou fortemente no Parnasianismo. Só serviu para reforçar as diferenças sociais e colocar aqueles e aquelas com menos acesso à cultura cada vez mais longe dela. A "arte pela arte" esvaziou-se de conteúdo e sentimentos, alienando e exaltando o não ser.
Sempre que eu puder, vou usar a literatura como uma ponte entre a história do nosso país e a realidade dos meus alunos e alunas. Sempre que eu puder, vou usar a literatura como referência para que qualquer aluno ou aluna tenha em quem se inspirar, em quem reconhecer as conquistas como suas também, alguém com quem eles e elas se identifiquem e com isso aumentem sua autoestima, em quem mostre que eles e elas também podem chegar lá.
Não podemos desrespeitar a única arma que muitas pessoas tiveram e ainda têm para lutar por aquilo que acreditavam e acreditam: a arte.
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