Todos sabem que eu chego a ser
chata de tanto que falo nos meus alunos e como sempre tenho tanto orgulho
deles. Em quase 12 anos de Olindo muitos alunos maravilhosos passaram pela
minha vida e continuam me orgulhando com suas conquistas de vida.
Entre tantos, uma aluna não foi
minha aluna, foi minha professora. A Vitória já era no 2° ano a mulher madura
que talvez eu possa ser aos 50 anos. Ela me ensinou a me preocupar com o
próximo, a manter minha personalidade sem se preocupar com os outros, a
respeitar quem é diferente de mim, a saber que não preciso ser pedante por
causa do meu conhecimento e me apresentou um livro maravilhoso: “Admirável
mundo novo”, do Aldous Huxley.
Quando ela me indicou essa
leitura, eu, vergonhosamente, nunca nem tinha ouvido falar do livro. Pois
então, eu li o que minha “aluna-professora” sugeriu e aprendi mais coisas
ainda.
Ontem de noite terminei de reler
(eu e duas grandes colegas vamos organizar um projeto para a escola sobre esse
livro). Como sempre acontece ao reler um livro, “Admirável mundo novo” ficou
mais admirável, mas menos surpreendente.
Tantas coisas tão parecidas com o
nosso mundo que é quase inacreditável que foi escrito em 1932.
Em 1932, ele já preveu a nossa
necessidade de mostrar tudo o que fazemos no facebook e no instagram. Como a
privacidade perderia importância e como seria difícil gostar de viver sozinhos,
com a gente mesmo.
Em 1932, o “mundo novo” seria
todo elaborado artificialmente, incluindo as pessoas que “nasceriam” de um tubo
de ensaio e não de mães. A ideia de lar não existiria mais.
Em 1932, imaginava-se que no
futuro admirável cada um seria de todos e sair com a mesma pessoa por mais de
três semanas iria contra as regras da sociedade. O consumo seria algo
obrigatório e nada deveria ser concertado. Se não funciona, joga-se fora e
compra-se outro novinho em folha.
Em 1932, pensou-se que numa
sociedade perfeita, os livros e a arte apenas estragariam a felicidade e o
conforto das pessoas. Aliás, quem “perde tempo” lendo um livro não consome e
isso seria terrível para as engrenagens da civilização.
Correndo o risco de ser
pessimista, muitos aspectos parecem com o nosso momento. Os mais leves e fáceis
de serem revertidos, admito, mas mesmo assim me preocupo.
Durante a leitura me choquei de
verdade com um trecho e comentei com a minha parceira de projeto. Como
comentário ela me devolveu uma pergunta: “Será que nosso futuro vai ser
assim?”. Eu respondi que para não ter esse questionável admirável mundo novo
nós temos que, como professoras, ajudar a formas seres humanos.
E lembrando da Vitória e de
outros tantos alunos maravilhosos (Rafaéis, Jessicas, Danieles, Tássias,
Douglas, Cabrais, Camilas, Patricks, Ângelas, Ketlins, Laíses, Guilhermes,
Geovanas, Amandas, Anas, Caróis, Brians, Natalias, Leandors, etc) tenho certeza
que nosso futuro será muito diferente do livro. Confio em vocês.
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