Sobre abelhas e apicultores

(Imagem meramente ilustrativa)


Era uma vez um apicultor dono de muitas caixas de abelha. Um certo dia, ele percebeu que a abelha que mais fabricava mel não aceitava a rainha. Ela tinha um gênio terrível e um caráter duvidoso, brigava muito com a rainha, mas sabia que sozinha não tinha forças suficientes para desbancar a rainha.


Para o apicultor parecia mais lucrativo que a abelha que produzisse mais mel fosse a líder da caixa, assim ela motivaria as outras abelhas e ele teria um grande crescimento financeiro. Apesar daquela má índole da abelha rebelde, o homem chamou-a e fez a seguinte proposta: ele ajudaria a abelha a tirar a rainha do trono e tomar posse da caixa e e troca a abelha obrigaria toda a caixa a produzir tanto mel quanto ela, para que ele tivesse bons lucros.


O plano foi colocado em prática e em pouco tempo a abelha já ocupava o lugar no poder. Aquela caixa era a mais produtiva e o apicultor estava muito feliz, pois nunca havia lucrado tanto com apenas uma caixa de abelha e com um acordo tão simples. Cada pessoa que o visitava era levada até a famosa caixa preferida, com as abelhas preferidas e ele tecia elogios infinitos para aquela rainha, escondendo sempre os detalhes desagradáveis sobre a sua personalidade.


Com o tempo, a nova rainha percebeu que não tinha poder apenas sobre as abelhas operárias, mas também tinha algum tipo de poder sobre o homem. Ao perceber isso, ela obrigou as abelhas a pararem a produção de mel e procurou o apicultor para propor-lhe um novo negócio. Sua caixa continuaria fabricando mel daquela maneira impressionante, desde que ela tivesse participação nos lucros.


O apicultor enlouqueceu, esbravejou e ameaçou um golpe político contra ela. Os ânimos se exaltaram e a abelha voltou para caixa pronta para vingança. Chegando lá, a rainha escalou as dez operárias mais poderosas que, após ouvirem as ordens, saíram zunindo rumo à casa do apicultor, fazendo aquele estrago. Picaram a família inteira, inclusive o filhinho mais novo que, por ser alérgico, foi levado muito mal para o hospital.


A família ficou horrorizada e muito revoltada contra as abelhas. Como essas vilãs assassinas puderam ser tão cruéis. Como puderam picar aquela criança tão alegre que não fazia mal para ninguém, só brincava e cantava. O apicultor não teve dúvida, pegou veneno,foi até a caixa e matou todas as abelhas... Mas quem ele queria mesmo não estava lá. A rainha foi mais esperta e fugiu. Ao contrário do que se espera de uma líder, a rainha deixou suas operárias morrerem sozinhas, mostrando mais uma de suas facetas horrorosas.


Por muito tempo o apicultor e sua família lamentaram profundamente todo o sofrimento do menino. Pobre criança tão inocente, vítima de abelhas tão terríveis. Por muito tempo também o apicultor procurou a rainha até que um dia a encontrou escondida no buraco de uma árvore. Com toda a sua raiva, vingança e força, o homem pisou na abelha rainha que, antes de morrer esmagada por aquele imenso pé, falou:


- Quando foi do teu interesse, tu me deste poder sem nem pensar no mal que eu poderia te fazer. Agora que foi contrariado, vem e pisa em mim como se nunca tivéssemos tido interesses em comum.


Para a sua família,o apicultor era um herói, vingou o sofrimento de seu querido filho. Para as abelhas das outras caixas, ele é um assassino e até hoje fazem tudo que ele quer sem questionar nada. E se um dia ele resolver pisar nelas também?

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