Aromas


Faz um bom tempo que eu penso em escrever sobre uma das coisas que mais me chamam a atenção: cheiros. Tanto bons como ruins, os cheiros entram no meu cérebro e lá fazem uma gavetinha. Cada vez que sinto um cheiro, uma gavetinha se abre e dela sai uma lembrança, uma sensação.

Abrir um pote de gel de cabelo lembra apresentação do ballet e a sensação do nervosismo sai do pote e vai direto pra boca do meu estômago. Outro pote também me traz lembranças, o de nutella. Lembro da minha viagem pra Alemanha e como a sensação de fome nunca me abandonou no um mês que fiquei por lá. Ainda falando de viagens, canela lembra EUA. Me enjoa até a alma. Noite tem cheiro de cigarro e Halls e toda tarde de chuva tem cheiro de bolinho frito.

Algumas pessoas tem cheiro de Boticário: Ops, Florata in Blue e Dimitri. Outras tem cheiro de coisas: maquiagem, cachorro, giz, cigarro ou gasolina. E um terceiro grupo, mais raro, tem o cheiro delas mesmas, como se os cheiros exteriores não chegassem nelas.

Esses cheiros são difíceis de explicar, porque não são cheiros de coisas, mas sim de sensações. Fecho os olhos e, de repente, estou num lugar desconhecido, lotado de gente que eu nunca vi na vida. Me sinto perdida, angustiada e quase triste. Então, respiro fundo e sinto aquele cheiro bom e ele se torna uma presença que me traz aconchego e paz. Uma sensação gostosa e quente.

Tudo tem cheiro. Até a terra tem cheiro! Sempre conseguimos percebe-lo no começo de uma chuvinha gostosa de verão. Sou um radar de cheiros e é através deles que vou montando meu quadro de lembranças, minhas histórias de vida.

Comentários

Simo disse…
Mazaaaaaaa.
Sabe isso que tu tem com os cheiros, tenho com os sons... Fecho os olhos e posso sentir o sabor das coisas e lembranças pelos sons que guardo na memoria... O som de uma voz, de uma música, de um ruído qualquer...
Amei esse texto.
Priscila disse…
Eu tenho cheiro de cigarro.:P
Tu tem cheiro de baunilha.
Meu amor tem cheiro dele mesmo. Sempre.
E pra mim o ballet tem cheiro de laquê.