Nunca olho! Não tenho paciência, não vejo nexo, nem algo interessante pra eu parar o meu almoço e assistir o curta da vez. Nesse sábado foi diferente. Nas propagandas durante a semana, vi que o curta falaria de Machado de Assis e só por isso decidi que iria assistir. O que eles fariam com o autor?
Eles fizeram um ótimo curta. O cara acorda um dia e ninguém sabe que Machado de Assis existiu. Ninguém leu nenhum livro dele. Ele não existe nem no google. O cara então cai numa viagem que foi tudo imaginação dele, logo, ele é um gênio por ter imaginado todas aquelas histórias. E nessa ele manda um original de "Memórias póstumas de Brás Cubas" e chega até a Academia Brasileira de Letras, usando o bigode, o cavanhaque e o óculos iguais aos do Machado de Assis.
Por que as pessoas não colocam mais um pouco de literatura na tv? Mas assim como esse curta. De maneira inteligente, original e ... curta. Daí ninguém enche o saco.
Ainda sobre minha área preferida, terminei de ler o livro "O Perfume" do Süskind. Sempre que leio um livro do Stephen King, leio um clááááássico depois (para os deuses da literatura perdoarem minha paixão pelo tão comercial King). Achei "O Perfume" uma ótima escolha e acertei. Já tinha visto o filme e, por incrível que pareça, o filme é tão bom quanto o livro.
Na verdade o filme teve uma coisa melhor. Na cena em que todos enlouquecem ao sentir o perfume do carinha, todos tiram a roupa no meio da praça e se amam enlouquecida e coletivamente. Achei que no livro isso seria descrito em, pelo menos, um capítulo inteiro e o doce Süskind (com o perdão do pleonasmo) usou apenas um parágrafo.
Percebi então porque gosto tanto dos brasileiros. Se o José de Alencar tivesse descrito aquela cena, saberíamos até quanto calçava cada uma das 10.000 pessoas.
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