É o nome da minha época favorita dentro da literautra. O Mal do Século foi a segunda geração romântica de poesia, cujos poetas praticamente inspiraram os góticos. Poetas entre 16 e 21 anos, que passavam as noites em tavernas, que escreviam sobre os sentimentos mais impressionantes, que eram boêmios, que morreram jovens por não ver mais sentido na vida (tudo bem, essa parte é ruim).
Quando falo sobre eles com meus alunos me impolgo muito, digo até que se eu fosse viva na época teria casado com Alvares de Azevedo. Ele foi o que morreu mais velho, 21 anos, e com tão pouca experiência de vida, escreveu poesias que falam dos sentimentos mais escondidos que temos.
Em sala de aula, digo que sou uma poeta do mal do século no século errado. E que minha grande frustração é que nunca escrevi nada de tão profundo quanto eles... e, na comparação, já tô velha pra isso. Hoje procurando uns poemas pra fazer um trabalho pros meus alunos, entendi porque nunca consegui escrever nada do tipo: porque eles já fizeram isso por mim. O que eu diria em algumas situações específicas, eles já disseram no final do século XIX. A prova está aí embaixo...
Por que mentias?
Por que mentias leviana e bela?
Se minha face pálida sentias
Queimada pela febre, e minha vida
Tu vias desmaiar, por que mentias?
Acordei da ilusão, a sós morrendo
Sinto na mocidade as agonias.
Por tua causa desespero e morro...
Leviana sem dó, por que mentias?
Sabe Deus se te amei! Sabem as noites
Essa dor que alentei, que tu nutrias!
Sabe esse pobre coração que treme
Que a esperança perdeu por que mentias!
Vê minha palidez- a febre lenta
Esse fogo das pálpebras sombrias...
Pousa a mão no meu peito!
Eu morro! Eu morro!
Leviana sem dó, por que mentias?
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